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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Alfa 2300: Um dos melhores carros já fabricados no Brasil


Como diz o Top Gear, ninguém é realmente um petrolhead se não teve ao menos um Alfa Romeo passado por suas mãos. Nunca tive um, mas morro de vontade de ter, tenho dois amigos que já tiveram esse prazer na vida, um deles teve um Alfa produzido no Brasil pela Fábrica Nacional de Motores (FNM ou Fenemê, como eram conhecidos) sob autorização da martriz italiana com o nome de JK em homenagem ao presidente Juscelino Kubistchek, e o outro, seu pai teve diversos Alfas 164 e um 2300 ti4, a última série do 2300, e é deste último que vou falar hoje, um carro que foi provavelmente um dos melhores carros já fabricados no Brasil, uma das linhas de luxo da Fiat juntamente com a Lancia.

A FNM começou produzindo motores de avião em 1942 em Duque de Caxias - RJ, depois caminhões, e finalmente em 1960 os FNM JK-2000 sob autorização da Alfa Romeo, eram idênticos aos Alfa 2000 fabricados na Itália, e era um caro muito avançado para a época, foi o primeiro carro nacional a ter câmbio de cinco marchas sincronizadas (qual o primeiro carro de cinco marchas que você se lembra?) e isso foi nos anos 60, produziu também o pequeno esportivo Onça, e um protótipo feito por Tony Bianco de um GT 2+2, o Fúria. Em 68, a FNM deixava de ser estatal, e tinha o controle assumido pela própria Alfa Romeo, em 1973, o JK deixava de ser produzido, para em 1974 dar lugar ao 2300.

Com desenho seguindo as tendências européias da época, grande área envidraçada e linhas retas porém esportivas, o 2300 se mostrava um carro muito bonito, atraente e avançado, apresentando freios a disco nas quatro rodas, um novo motor, com 2310 cilindradas, duplo comando de válvulas, câmaras de combustão hemisféricas, válvulas refrigeradas a sódio e tanque de combustível de 100 litros, era o menos potente entre seus concorrentes (Chevrolet Opala 4.1, Dodge Charger 5.2 e Ford Galaxie/Landau 5.0), porém, era o mais leve, o que equilibrava as coisas.

Em 1977 surge a sigla ti, com o significado de turismo internacional (pensou que era injeção eletrônica? ela só apareceu no Brasil com o Gol GTi em 1988), era um refinamento da versão existente, apresentando alguns itens a mais como painel em mogno, manômetro de óleo, voltímetro e antena elétrica do rádio toca-fitas e outros detalhes. A partir de 78, a produção muda para Betim - MG e mais melhorias são adicionadas ao modelo, depois surge a versão a alcool, e a ti4 de 80 que era o modelo top de linha com carburadores duplos, as outras (alcool e B) usavam carburadores simples. O ti4 tinha 149 cv de potência, o que não o tornava econômico, uma das coisas que provavelmente quem quisesse um dos carros mais caros do Brasil não ia se preocupar na hora da compra, mas dava bom desempenho e boa autonomia por seu tanque de 100 litros.

Em 83, a ti4 era a única versão disponível, portava agora o trevo de quatro folhas, o quadrifoglio, com quase 10 anos de mercado brasileiro, o 2300 começava a apresentar sinais da idade, reformulações foram feitas, para-choques envolventes em substituição aos preto que por sua vez já haviam substituído os cromados dos anos 70, tentaram dar um ar mais moderno ao 2300 que finalmente deixou de ser produzido em 1986, e a marca Alfa Romeo descontinuada por falta de substituto no Brasil, já que era inviável adaptar a produção de um novo modelo da Itália ou mesmo desenvolver um para o mercado nacional.

Durante os 12 anos de produção, o 2300 se mostrou uma boa opção de design mais refinado em relação a seus concorrentes, no meio de modelos de origem americana e alemã, um carro com requinte digno dos grandes modelos italianos, com grande preocupação estética e funcional, que o tornam um carro de sangue quente e temperamento esportivo. A Alfa Romeo só voltou ao Brasil no início dos anos 90 com a abertura das importações, trazendo o lindo Alfa 164, que pode ser assunto para as próximas atualizações deste blog.

Um comentário:

ALFA ROMEO 2300 disse...

O tanque de 100 litros nao foi projetado pelo consumo elevado.
Na primeira serie 1974-1976 os motores vinham com compressao e regulagem de fabrica para funcionar com gasolina azul. A gasolina comum fazia o motor bater pino. E mesmo nas cidades de Sao Paulo e Rio de Janeiro nao eram muitos os postos de combustivel a ter o combustivel.