Esportivos Nacionais II

Já falei uma vez aqui sobre os esportivos pocket rocket fabricados no Brasil e de como gostava deles, será que algum dia, novamente teremos esportivos de verdade fabricados por aqui, como nos tempos da Puma, Santa Matilde, Bianco e Brasinca? O que tornava possível a fabricação daqueles esportivos era a facilidade com que se podia construir algo, junte um chassis Volkswagen com seu motor e suspensão traseira, o sistema de direção de um Chevette e a suspensão dianteira de um Ford em uma carroceria feita artesanalmente em fibra de vidro. Pronto, com poucos recursos obtém-se um esportivo, que apesar de não ter um motor realmente esportivo, a relação peso-potência o torna um esportivo. Nada de alta tecnologia, apenas carburadores, não se precisava de muitas normas de segurança também, era basicamente o princípio de Colin Chapman: "Simplifique, e depois adicione leveza."

Rossin-Bertin Vorax no Salão do Automóvel 2010

No ano passado fui ao Salão do Automóvel de São Paulo, e vi o Rossin-Bertin Vorax, que mais parece um Bull Terrier que foi espancado. Apesar da aparência estranha, usa motor BMW V10 que lhe rendem saudáveis 570 cv de força, mostrando que o desempenho foi uma coisa muito importante no desenvolvimento deste carro. O preço estimado? 700 mil reais. Poucos brasileiros vão conseguir dirigir um, isso se ele realmente for fabricado, por que, faz tempo que não se tem notícias sobre ele, nem o próprio site da empresa mostra nada.

Doni Rosset

Outra promessa era o Doni Rosset previsto para chegar este ano e custar mais de 2 milhões de reais e produção limitada a 50 unidades anuais, mas só o que se viu até agora foram desenhos. Potência estimada em mais de 1000 cv no motor 8.4 litros do Viper    que parou de ser produzido    talvez por isso não se tenha mais notícia deste carro.

Chamonix Spider 550

As empresas que até pouco tempo ainda fabricavam esportivos por aqui, pareciam ter maior consciência do que é o mercado brasileiro de esportivos e fabricavam carros esporte com preço mais acessíveis eram a Chamonix (fabricando réplicas de Porsche muito bem construídas) e a Lobini, que fazia um carro feio, mas com a velha fórmula das antigas fabricantes nacionais, um motor de produção em uma carroceria leve. Os preços da Chamonix começavam se não me engano por volta de 50 mil reais para as réplicas de Porsche usando mecânica Volkswagen a ar e os da Lobbini eram um pouco mais caros, mas nada de outro mundo, a partir de 100 mil reais. 

Lobini H1

Tinham essência e alma esportiva, não precisavam custar caro pra entregarem prazer de dirigir, era isso que a Rossin Bertin e a Doni Rosset tinham que aprender, claro que ficaria muito feliz com estes dois esportivos produzidos por aqui, mas acho que primeiro é preciso valorizar o povo brasileiro que vai comprar estes carros, porque mesmo sendo produzidos aqui, acho que a aceitação fora do país vai ser pouca, ou façam como Horacio Pagani, o argentino que montou sua fábrica de esportivos na Itália e tem sucesso com seus carros, então fica a pergunta, quantos super esportivos de alto desempenho e preço valorizado no mundo são fabricados fora da Europa, EUA e Japão? Será que os brasileiros não deveriam fabricar carros para os brasileiros mesmo, como era feito nos anos 60, 70 e 80?