Lancia Delta: feito para ganhar

No mês passado, falei sobre um monstro, o grande Audi quattro, o carro que mudou o mundo do rally para sempre. Acontece que depois dele vieram outros e estes outros chegaram ao nível mais avançado do rally, um nível de refinamento único, o auge das competições automobilísticas fora do asfalto, e nesta época surgiu o Lancia Delta, um dos melhores carros a correr no Grupo B de Rally dos anos 80.

Lancia Stratos

No final dos anos 70 a Lancia participava do campeonato mundial de rally com o lindo Stratos, venceu campeonatos de construtores e pilotos algumas vezes, o carro usava um pequeno motor Ferrari de 6 cilindros em V na posição central, era muito potente e tinha tração traseira, depois dele, veio o patinho feio, o esquecido 037, que não chegou a ganhar campeonatos, mas serviu de desenvolvimento. Em 79 foi lançado o modelo de rua do Delta, com desempenho modesto, mas que com o tempo ia se mostrar promissor.

Finalmente, em novembro de 85 era apresentado o modelo do Grupo B do Delta S4, que em comum com o modelo de rua, tinha um pouco da aparência, seu chassis era tubular treliçado de alta resistência para evitar torções, possuía motor central, atrás dos bancos do motorista e passageiro e elevada potência, quase 600 cv.

Era equipado com turbo e compressor mecânico (supercharger) para cobrir todas as faixas de torque, como o turbo tem pouco torque em baixa rotação, o supercharger lhe garantiria o torque adequado e assim por diante, o carro apresentava um equilíbrio surpreendente, tração nas quatro rodas com distribuição eletrônica de torque para cada roda, relação de peso muito bem distribuídas entre o eixo dianteiro e traseiro.

Em 1986, a Lancia tinha tudo para ser campeã, tinha o finlandês Henri Toivonen, considerado por muitos um dos melhores pilotos de rally de todos os tempos e o Delta perfeitamente acertado. Durante a etapa de Portugal, Henri Toivonen pilotou seu Delta no autódromo de Estoril, onde Ayrton Senna tinha feito a pole-position na chuva, com o tempo de 1min16s7, Toivonen fez o tempo de 1min18s1 o que o colocaria na 6ª posição do grid naquele GP com um carro de rally, seu tempo foi feito no seco, mas mesmo assim, não deixa de ser surpreendente o nível em que chegaram os carros de rally naquele que seria o ultimo ano do Grupo B.

Durante o Tour de Corse, Toivonen perdeu o controle de seu carro que saiu da pista, bateu em uma árvore e virou uma nuvem de chamas matando a ele e seu copiloto. Devido a este e outros acidentes, o Grupo B de rally foi extinto, eliminando as chances da Lancia ser campeã naquele ano.

No ano seguinte, a Lancia montou um novo Delta, o HF Integrale, com motor dianteiro baseado no regulamento do Grupo A de rally que depois se tornaria o WRC, com carros mais parecidos com os modelos de rua, a partir disso, foi campeã do mundial de construtores 6 vezes consecutivas e 3 vezes consecutivas no mundial de pilotos (4 no total), se tornando a marca mais bem sucedida em campeonatos de rally e o Delta o maior vencedor de todos os tempos, juntamente com Mitsubishi Lancer Evolution e Citröen C4 que igualaram-se em número de campeonatos.

Chegou ao fim da produção em 99, após a Lancia retomar seu prestígio e decidir não mais fabricar hatchs pequenos. As varias modificações nos modelos no decorrer dos anos, S4, HF, Integrale, Evoluzione mostraram que o Delta foi um fantástico carro que soube se adaptar aos mais variados tipos de competições de rally. Aumente o volume e aproveite: